Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que mais de uma em cada quatro brasileiras apresenta sintomas de depressão pós-parto entre 6 e 18 meses após o nascimento do bebê. A psiquiatra Vanusa Vaz, especialista na Clínica Holiste, alerta que apesar da romantização da maternidade, a gestação é um período de muitas dúvidas e preocupações – ainda mais durante a pandemia – e, por isso, é preciso estar atento a alguns sintomas que indicam a hora de buscar ajuda.
“Ser responsável por uma nova vida gera muitas dúvidas e expectativas. Junta-se a isso todas as alterações hormonais, acompanhadas dos tão famosos enjoos, tonturas, sono excessivo, lombalgia e oscilações do humor, trazendo com eles a realidade que gestar pode não ser esse conto de fadas que muitos propagam. E quando falamos sobre engravidar em meio a pandemia, todas essas dificuldades ainda podem se tornar secundárias porque ser gestante é considerado fator de risco para quadros graves da COVID -19 e exige cuidados adicionais”, comenta a psiquiatra.
Nesse cenário complexo e, muitas vezes, solitário – uma vez que pelas restrições de isolamento social, muitas mães e pais de primeira viagem passam pelos primeiros meses sem a rede de apoio formada por amigos e familiares -, os riscos de gatilhos emocionais aumentam e, quando persistentes, indicam um quadro de Depressão Pós-Parto.
Aumento da Depressão Pós-Parto na Pandemia
De acordo com o estudo da Universidade de Calgary, no Canadá, os sintomas – que costumam afetar entre 10 e 25% das gestantes – superaram os 35% durante a pandemia. A psiquiatra Vanusa Vaz aponta que, após o parto, acontecem novas mudanças hormonais, somadas a privação de sono, à sobrecarga de funções e à amamentação, junto aos medos e incertezas já inerentes a este momento, trazem consigo os riscos para possíveis desequilíbrios emocionais.
A profissional explica que os primeiros 15 dias são os mais difíceis e podem desencadear situações de choro e frustração na maioria das mulheres, este período é conhecido como “baby blues”. “Entre 40-80% das genitoras podem apresentar choro fácil, irritabilidade e instabilidade emocional, ansiedade, sentimento de culpa e frustração por não se sentir feliz. Quando esses sintomas se estendem por mais de 4 semanas – segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders V – ou até mesmo 1 ano, levanta-se a possibilidade da Depressão Pós-Parto”.
5 sinais de alerta para a Depressão Pós-Parto
Vanusa ensina que é provável que a própria mãe não perceba essas mudanças no comportamento, ou tenha resistência em pedir ajuda – sobretudo porque existe uma tendência a anular as próprias dores e focar apenas no bebê, uma atitude que não é benéfica nem para a mãe e nem para o bebê. Assim, muitas vezes é necessário que os familiares e acompanhantes mais próximos fiquem atentos aos seguintes sinais de alerta:
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- Preocupações exageradas com o bebê e com sua própria competência materna;
- Medo de ficar sozinha com o bebê ou de machucá-lo;
- Pensamentos obsessivos;
- Mudanças do humor;
- Ter um histórico de Depressão no passado.
“Caso esses fatores estejam presentes por mais de 15 dias, é importante que essa mãe seja encaminhada para atendimento especializado com psicólogo e psiquiatra para avaliação, acompanhamento em psicoterapia e, se necessário, tratamento medicamentoso”, finaliza. A Depressão Pós-Parto tem cura e tratamentos adequados para o período de puerpério e amamentação, o essencial é buscar ajuda.