Considerar uma pessoa saudável apenas por ela estar com o peso adequado ou apresentar um Índice de Massa Corporal (IMC) dentro do normal já não é uma melhor prática. Segundo a endocrinologista Sandra Mara Villares, do Hospital Edmundo Vasconcelos (São Paulo), há alguns anos o conceito de obesidade metabólica vem ganhando novos contornos e apontando que mesmo pacientes com peso e IMC na faixa normal podem exibir componentes da síndrome metabólica.
“É possível, por exemplo, ter os indicadores dentro do padrão, mas apresentar quadros de diabetes tipo II, hipertensão arterial, colesterol ou triglicerídeos elevados, que configuram síndrome metabólica”, explica a profissional. “Por isso, analisar somente o IMC não nos permite indicar se indivíduos são ou não saudáveis. É claro que o indicador deve ser considerado, mas em um contexto maior ou na análise epidemiológica”, explica Sandra Villares.
Na lista de componentes que influenciam o ganho do peso e a saúde do organismo, estão vários fatores, como o genético e epigenético. De acordo com a especialista, as causas genéticas da obesidade podem ser classificadas em: monogênicas, sindrômica e poligênica.
“A primeira definição é rara de se verificar e se caracteriza por uma única mutação gênica. Já a sindrômica, corresponde a obesidade grave e está relacionada a anormalidades no neurodesenvolvimento e outras malformações de órgãos e sistemas. Por fim, a poligênica é a obesidade comum, causada pela contribuição cumulativa de um grande número de genes que, amplificado, promove o ganho de peso”, explica.
Mas com tantas influências, é possível prevenir a obesidade?
Apesar de ser considerada uma doença crônica, é possível preveni-la e, para isso, pode-se começar a tratar da questão mesmo antes do nascimento. “Sabemos que, se há um ganho de peso significativo pela mãe durante a gestação, o risco de a criança ser um adulto obeso aumenta”.
Na infância e na adolescência, a atenção ao sobrepeso é fator essencial para que se evite o risco de obesidade na fase adulta. Sandra Villares atenta que o processo de emagrecimento de uma criança obesa requer modificação importante do estilo de vida dela e de toda família. “É importante que seja feita uma avaliação frequente com o médico, e claro, não engordar”, conclui.