Com a chegada do período frio e seco característico no DF, quando surgem as síndromes respiratórias, começa a ser ampliada a distribuição do chá de guaco – e com foco no paciente diabético. O composto também conhecido pelo xarope de guaco pode trazer uma melhora significativa no tratamento às complicações do trato respiratório. O trabalho está sendo feito pela gerência do Componente Básico da Assistência Farmacêutica e o Núcleo de Farmácia Viva do Riacho Fundo.
Anteriormente, apenas 20 unidades básicas de Saúde eram cadastradas para pegar o material. Agora, já são mais 14 solicitações do chá e todas as 172 UBSs e 595 equipes atuantes na Saúde da Família poderão ter esse reforço de medicação. Cada UBS poderá agendar para buscar o produto na Farmácia Viva do Riacho Fundo I, localizada no Instituto de Saúde Mental (ISM).
Nilton Luz, farmacêutico e chefe do Núcleo de Farmácia Viva do Riacho Fundo, lembra do aumento das doenças que atingem o trato respiratório e menciona a Covid-19 – que tem como um dos principais sintomas a tosse e como grupo de risco os pacientes diabéticos.
Já foram produzidos, só nos últimos três meses, 450 unidades de 30g para o tratamento. Para se ter uma ideia, 1 kg de guaco seco pode render 30 pacotinhos. A equipe conseguiu a colheita de 110kg de guaco, o que representa 14kg secos para embalar.
“A planta possui um alto poder de combater problemas do trato respiratório e de alívio ao sintoma da tosse, ajudando inclusive a expectorar a secreção. Focamos neste momento na ampliação do chá, principalmente ao diabético, porque não possui açúcar e conseguimos produzir com o material que já temos. Ganhamos o selo Covid-19 também para os nossos processos de compra e conseguiremos ampliar em paralelo a produção do xarope”, destacou Luz.
Pioneirismo
Há décadas a Secretaria de Saúde do DF (SES/DF) distribui o composto feito da planta Mikania laevigata. Esta é uma das espécies de guaco que foi pesquisada pela Embrapa e a SES/DF e possui uma grande quantidade concentrada de cumarina, princípio ativo que ajuda no combate à tosse com secreção. Em 30 anos, não foi registrado nenhum evento adverso como intoxicação e tem sido, portanto, prescrita de forma segura pelos profissionais de saúde.
Além disso, possui um custo sustentável de produção na SES/DF. A planta é cultivada na Farmácia Viva do Riacho Fundo, Cerpis de Planaltina, Floresta Verde do Lago Norte, Embrapa Cerrado-Planaltina e na Papuda (nesse caso, como atividades de reeducação e ressocialização dos presos).
Marcos Trajano, médico de família, e Referência Técnica em Fitoterapia na SES, destaca os benefícios da planta e as diversas formas que a SES/DF oferece à população. São produzidos o xarope, o chá em sachês, a tintura de guaco e a forma fresca também.
Para o xarope, em especial, ele pontua que toda a produção é validada pelo centro de qualidade técnica do Laboratório Central do DF. Ressalta ainda que o lançamento e a qualidade do produto na SES/DF é sem precedentes, pois o DF foi o primeiro a engajar nacionalmente nessa linha de fitoterápicos.
“Temos um produto de primeiríssima linha sendo oferecido à população do DF de forma gratuita. Oferecemos ainda a planta seca ou fresca para ser feito o chá. Afinal, pacientes com diabetes não podiam pegar o xarope por causa do açúcar que ajuda a conservar o produto”, diz.
(Agência Brasília)