A Diretoria de Serviços de Saúde Mental (Dissam), da Secretaria de Saúde, juntamente com o Comitê Permanente de Prevenção do Suicídio criou o Manual de Orientações para o Atendimento à Pessoa em Risco de Suicídio. O material visa oferecer informações baseadas em evidências científicas e nas recomendações dos órgãos de referência nacionais e internacionais, a fim de melhor instrumentalizar os serviços de saúde para atuação na abordagem à pessoa em risco de suicídio.
“Este Manual procura orientar sobre as medidas a serem tomadas quando identificado risco de suicídio em qualquer serviço da rede de saúde do DF. Esperamos que auxilie na tomada de decisões quanto à avaliação de risco, conduta e formas de encaminhamento quando necessário, considerando também os recursos disponíveis na rede”, explica Fernanda Benquerer, Referência Técnica Distrital (RTD) de Psiquiatria e presidente do Comitê Permanente de Prevenção do Suicídio.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a prevenção do suicídio deve ser uma das prioridades na agenda de saúde pública global, considerando o enorme impacto do suicídio e das tentativas nas pessoas em sofrimento, nos familiares e pessoas próximas, e na sociedade como um todo, além de ser um fenômeno passível de prevenção na maioria dos casos. Nesta linha, o Brasil aprovou e sancionou a Lei Federal nº13.819 de 2019 que instituiu a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio.
No Distrito Federal, existe a Política Distrital de Prevenção do Suicídio desde 2012, e está em vigor o Plano Distrital de Prevenção do Suicídio 2020-2023. Esse plano teve como uma das metas a oficialização de um Comitê Permanente de Prevenção do Suicídio da Secretaria de Saúde, o que ocorreu em dezembro de 2019.
Segundo Fernanda, muitas ações já aconteciam anteriormente, mas a composição oficial de um grupo para trabalhar com a temática ressalta a importância de que as ações sejam sustentadas institucionalmente e o compromisso político com a prevenção.
A pandemia de covid-19 trouxe, ainda, fatores de risco adicionais à saúde mental, sendo que a melhor avaliação de impactos específicos no risco de suicídio só será percebida ao longo dos próximos meses e anos com mais estudos. Mas o contexto pandêmico deve ser incluído nas avaliações de saúde mental da população e das possibilidades de acesso a recursos de tratamento e intervenções.
“A prevenção do suicídio engloba ações intersetoriais que necessitam ser articuladas para melhores possibilidades de prevenção. Este manual é voltado especificamente ao atendimento à pessoa em risco de suicídio na rede de saúde, para subsidiar os profissionais que encontram pacientes em risco no seu dia a dia”, destaca.
Outras ações
O Comitê Permanente iniciou um Projeto de oferta de Supervisão Clínica em Intervenção em Crise Suicida aos profissionais dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), para fortalecer as equipes e melhorar a qualidade dos atendimentos.
“Temos trabalhado para melhorar as notificações de tentativas de suicídio e de autolesão, e estamos atentos aos fatores de risco à saúde mental no contexto da pandemia de Covid-19. Anualmente, a Dissam promove também a Jornada Distrital de Prevenção do Suicídio para discutir a temática. Falar sobre prevenção do suicídio ajuda a reduzir o estigma e aumenta as chances de busca e oferta de ajuda a quem precisa”, informa Fernanda Benquerer.
De acordo com a RTD de Psiquiatria, existem cartilhas da Organização Mundial da Saúde (OMS) voltadas a perfis específicos de profissionais. Também há bastante material produzido por outras instituições e autores, e há ampla literatura científica especializada. O Manual busca trazer as informações fundamentadas de forma objetiva e adequada à realidade dos serviços de saúde do DF.