Andrés Gianni | Saúde Brasília – A vacina Abrysvo, da Pfizer, finalmente chegou ao Brasil, prometendo ser uma grande aliada no combate ao vírus sincicial respiratório (VSR), especialmente para dois grupos vulneráveis: bebês e idosos (+60). A imunização, já amplamente utilizada em países como Estados Unidos e na Europa, foi recebida com grande expectativa pela comunidade médica no Brasil, onde o impacto do VSR é significativo.
O vírus sincicial respiratório é um patógeno comum que causa infecções respiratórias, especialmente em crianças pequenas e idosos. Ele é a principal causa de bronquiolite e pneumonia em bebês, frequentemente levando a hospitalizações. O VSR pode resultar em complicações severas, como a síndrome respiratória aguda grave (SRAG), o que destaca a importância de estratégias de vacinação para proteger os grupos mais vulneráveis, como os recém-nascidos e os idosos.
De acordo com a Dra. Vanuza Chagas, pediatra e diretora da Clínica Previne Vacinas em Fortaleza, a chegada da vacina era muito esperada pelos profissionais de saúde. “A bronquiolite é uma doença de grande impacto, principalmente no momento em que a mãe precisa estar preocupada com maternar, com a amamentação e outras demandas. Ver o bebê com risco de vida por complicações respiratórias é muito angustiante”, comenta a médica. Ela acrescenta que, antes da vacina, o tratamento se baseava apenas em suporte ventilatório e na expectativa de uma evolução favorável, o que tornava o VSR um desafio constante para pediatras e famílias. Ainda segundo a médica, a taxa de internamentos e óbitos é alta, principalmente em bebês menores de seis meses.
Aumento de casos pós-pandemia
Nos últimos anos, o VSR ressurgiu com força, especialmente após o período da pandemia de Covid-19. “Durante a pandemia, falávamos só de Covid-19, mas agora, vimos um aumento impactante da circulação do VSR, levando muitas crianças a procurarem emergências em situações graves de saúde”, destaca a Dra. Vanuza.
Essa alta incidência torna a vacinação ainda mais urgente. A Abrysvo se mostra especialmente eficaz em proteger bebês desde o nascimento, através da imunização da gestante. “Essa é uma vacina muito importante para as grávidas, porque protege o bebê nos primeiros seis meses de vida, período mais crítico para complicações”, explica a médica.
A especialista explica que, no Brasil, a Anvisa respaldou a aplicação do imunizante entre a 24ª e a 36ª semana da gestação. “Vai muito também da avaliação do obstetra, de cada realidade, de cada gestante, porque precisa de pelo menos 15 dias, antes do nascimento do bebê, para a passagem de anticorpos. Eu diria que um momento bom para aplicação é em torno de 28 semanas, quando a placenta está mais madura e a transferência de anticorpos se torna mais eficiente”, afirma Dra. Vanuza.
Proteção para idosos
O VSR não é perigoso apenas para crianças. A Dra. Vanuza lembra que idosos também são extremamente vulneráveis. “O VSR tem um grande impacto na saúde de pessoas acima de 60 anos, levando a internamentos e comprometimento respiratório”, diz. Nesse público, a vacina tem se mostrado crucial para evitar complicações severas, como a síndrome respiratória aguda grave (SRAG).
Além da Abrysvo, outro imunizante, chamado Arexvy, da farmacêutica GSK, também está disponível para o público idoso. “Ambas as vacinas têm excelentes resultados”, afirma Dra. Vanuza. No entanto, o custo elevado – a dose da Abrysvo custa em média R$ 1.700 – representa um desafio para a ampliação do acesso. “É uma vacina de alto custo, e a gente sabe que o Brasil é um país com muitas dificuldades financeiras. Mas tem geriatra prescrevendo, porque a realidade do paciente 60+ é que ele pode ter complicações graves, pela própria senescência, pelo sistema imunológico não ser tão responsivo”, explica.
Segurança e eficácia comprovadas
Estudos realizados nos Estados Unidos e na Europa já comprovam a eficácia da Abrysvo. A Dra. Vanuza ressalta que a vacina tem mostrado excelentes resultados na redução da incidência de bronquiolite em bebês e de complicações respiratórias em idosos. “Nos Estados Unidos, a vacina já está em uso há mais de um ano e os resultados são muito positivos”, afirma.
A segurança do imunizante também foi reforçada por estudos internacionais, que não encontraram relação entre a vacina e complicações graves. “Em países desenvolvidos, a vacina se mostrou extremamente segura. Não houve aumento de prematuridade nem óbitos relacionados à sua aplicação”, explica Dra. Vanuza.
Ela também menciona que a única contraindicação seria para pessoas que já tiveram uma reação grave a algum componente da vacina. “Se houver histórico de alergias graves, anafilaxia, uma avaliação médica rigorosa deve ser feita antes da aplicação”, orienta.
Aplicação com outras vacinas
A Dra. Vanuza Chagas destaca que a vacina Abrysvo pode ser aplicada concomitantemente com a vacina contra Influenza, sem alterações na formação de anticorpos. “Só se recomenda que as aplicações sejam feitas em locais diferentes do corpo, uma em cada membro”, explica. Já em relação à vacina dTpa, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, e é vacina de rotina a partir da vigésima semana de gestação, a pediatra acrescenta que a Pfizer recomenda um intervalo de duas semanas entre as aplicações.
Possível incorporação no SUS
Embora a vacina ainda esteja disponível apenas no mercado privado, existe uma forte mobilização da comunidade médica para que ela seja incorporada ao Programa Nacional de Imunização (PNI), do Sistema Único de Saúde (SUS). “A bronquiolite causada pelo VSR tem um impacto enorme na saúde pública, e já estamos vendo países como a Argentina incorporarem essa vacina ao calendário de imunizações”, afirma Dra. Vanuza, otimista com a possibilidade de que o Brasil siga o mesmo caminho.
A médica conclui reforçando a importância da vacina e alertando sobre a gravidade da doença: “Eu chamo a atenção para que gestantes, profissionais de saúde e idosos procurem se informar e façam a vacina, porque o VSR é muito grave, mexe com todo o contexto familiar, além de representar grandes riscos para bebês e idosos”.
Abrysvo: confira abaixo os principais pontos destacados pela farmacêutica Pfizer no lançamento da vacina no Brasil
– Chegada da vacina Abrysvo: Clínicas e centros privados de vacinação no Brasil começam a receber Abrysvo, a primeira vacina que protege bebês contra o VSR ainda no útero materno.
– Grupos-alvo: Abrysvo é a única vacina no Brasil aprovada tanto para gestantes quanto para idosos, os dois grupos mais vulneráveis ao VSR.
– Impacto do VSR: O vírus sincicial respiratório (VSR) é a principal causa de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em crianças, responsável por 41,6% dos casos positivos de infecções respiratórias em 2023 no Brasil.
– Pedido de inclusão no PNI: Além da distribuição no mercado privado, a Pfizer solicitou a incorporação da vacina ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), com o pedido em análise pelo Ministério da Saúde.
– Eficácia: Estudos clínicos mostraram que Abrysvo previne 82% das formas graves de doenças respiratórias causadas pelo VSR em bebês de até 3 meses e 69% em crianças de até 6 meses. Em idosos, a vacina mostrou 85,7% de eficácia contra quadros graves.
– Benefícios para gestantes: Gestantes devem receber a vacina entre as semanas 24 e 36 da gestação, oferecendo proteção ao bebê por meio da transferência de anticorpos.
– Vulnerabilidade infantil e riscos: Bebês menores de 3 meses são os mais suscetíveis ao VSR, que pode causar pneumonias graves e bronquiolite, frequentemente levando à hospitalização.
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