Foi-se o tempo em que comida industrializada e sedentarismo eram preocupações de adulto. As estatísticas apontam que, até 2030, o Brasil poderá ter quatro vezes mais casos de obesidade infantil. O cenário atual já é preocupante. Pesquisa publicada em junho deste ano pelo Ministério da Saúde, indica que 3,1 milhões de crianças com menos de 10 anos estão obesas, enquanto 6,4 milhões sofrem com o excesso de peso. Para a especialista em emagrecimento saudável Edivana Poltronieri, para combater esses números e vencer a obesidade infantil é necessário transformar o estilo de vida dos pais ou educadores. Entenda!
Educação alimentar se aprende em casa
Após acompanhar o processo de reeducação alimentar de crianças acima do peso e obesas, Edivana Poltronieri afirma que o segredo para ajudar os pequenos está em entender a rotina dos pais. “A primeira coisa é fazer os responsáveis da criança entenderem que qualquer mudança de hábito só acontecerá quando os adultos da casa forem exemplos. A criança precisa ter um ponto central de inspiração. Não adianta querer que a criança coma verdura, fruta ou legume se os pais comem pizza, hambúrguer e industrializados”, explica a especialista, que ainda elogia a postura dos pequenos quando o assunto é mudança de hábito. “A criança é muito mais acessível. Ela entende, é aberta e acessível. Quem sabota os filhos, na maioria dos casos, são os pais. Por isso, eles devem ser o principal foco na reeducação alimentar da criança”.
5 dicas facilitadoras para os pais
Para ajudar os pais a introduzirem a alimentação saudável no lar, mudando a rotina para um estilo de vida equilibrado, Edivana lista 5 dicas.
1) Adote uma rotina de horários para as refeições. “É normal os pais cumprirem horários quando a criança é bebê. Depois, alguns deixam para ela se alimentar quando ela quiser. Mas esse tipo de pensamento não considera que existe a influência da tecnologia e fatores emocionais, como estresse e ansiedade, e isso prejudica muito os hábitos da criança”, relata Edivana.
2) Seja sincero ao apresentar a refeição à criança. “Por exemplo, as vezes a criança adora batata. Daí, os pais bem intencionados fazem uma receita de inhame e dizem que é batata só para a criança comer. Quando a criança experimenta, ela vai na expectativa da batata. Se, ao comer, ela percebe que é inhame, naturalmente ela vai criar um bloqueio com o inhame,” explica a especialista, que indica, nesses casos, que os pais apelem para as propriedades terapêuticas dos alimentos. “É normal as crianças serem competitivas, ou seja, querer ser a mais inteligente, forte ou rápida da turma. Então, os pais podem sugerir que tal legumes, fruta ou verdura vai potencializar a energia, a força ou a inteligência da criança pelas suas vitaminas e nutrientes”.
3) Seja lúdico e criativo. Nesse sentido, Edivana criou um método exclusivo, que aplica com seus pacientes: a Trilha da Saúde. Similar a um jogo de tabuleiro, que pode ser colado na geladeira, a criança entra em um game alimentar. “Esse jogo pode ser usado de duas formas. A primeira é: a cada alimento diferente que a criança experimentar, ela avança uma casa. Ao chegar no final, ela pode escolher o seu prêmio: um brinquedo, passear no parque etc. O segundo é: a cada 100g eliminados, ela avança uma casa. Então, se ela perder 500g, irá avançar cinco casas, e assim sucessivamente. Entre as casas, incluímos práticas saudáveis como beber água, fazer uma atividade física ao ar livre e outras recomendações”.
4) Seja persistente e respeite o paladar da criança. “Pode ser que ela não goste de um legume feito de um determinado jeito. Então, tente outras formas para entender se o problema é a receita ou o ingrediente. Se a criança realmente não gostar de determinada fruta, legume ou vegetal, não insista e nem faça chantagem emocional”, alerta Edivana.
5) Não tenha plano B na dispensa. “Se, ao abrir a geladeira, a criança ver só opções saudáveis, ela será obrigada a escolher uma para se alimentar. Mas, se houver alimento industrializado, logicamente ela vai recorrer ao que agrada o seu paladar infantil. Então, eu sempre peço para os pais não comprarem itens industrializados e açucarados. Assim, nem o responsável e nem a criança terão opções pouco nutritivas ao alcance”, finaliza.