O Conselho Federal de Medicina (CFM) promoveu na terça-feira (15) webinar pelo canal oficial da entidade no YouTube (acesse aqui). O webinar A bioética e o mundo pós-pandemia contou com a participação do professor Rui Nunes, catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal). Em sua exposição, ele tratou das abordagens éticas e bioéticas frente ao coronavírus.
Esse foi o primeiro webinar organizado pelo CFM sobre bioética no ano de 2021. A segunda edição, que tratará sobre as questões éticas da genética clínica, será realizada no dia 29 de junho, também pelo canal da autarquia no Youtube. A palestrante convidada será a doutora em Bioética, Natália Oliva Teles (clique aqui para saber mais).
Durante quase uma hora de evento, o professor convidado, considerado referência mundial em bioética, discorreu sobre os desafios que serão impostos no mudo após a covid-19. “Precisamos encontrar o ponto de equilíbrio entre a ética médica tradicional (e hipocrática) – que está muito viva no espírito dos nossos médicos- com o papel da bioética nesta evolução”.
Segundo ele, após a pandemia, ficará a percepção da relevância dos médicos nesta luta. “A medicina e a ética médica foram postas duramente à prova durante este período, mas demostraram inequivocamente toda a sua resiliência e reafirmaram as suas profundas convicções, milenares e intemporais. Os médicos, que sairão como os verdadeiros campeões, têm o dever absoluto, no âmbito da sua responsabilidade social, de promover o debate sobre estes temas de modo a preparar a nossa sociedade para o futuro”, acrescentou o professor, que também é editor honorário da Revista Bioética do CFM.
Conforme apresentou Rui Nunes, a percepção da ética médica tradicional é condição essencial para uma prática médica diligente e digna, porém ele afirmou ser necessário ponderar com o interesse coletivo. “O nosso futuro pós-pandêmico tem que encontrar uma forma virtuosa de congregar os direitos fundamentais com o interesse público mais alargado”.
Outros pontos apontados pelo convidado, foram a transição digital e a importância de se consolidar um modelo de bem-estar social no plano da saúde e da educação.
Debates – Após a explanação do convidado, o evento abriu espaço para perguntas dos participantes. Um dos debatedores foi a conselheira Tatiana Giustina, 2ª secretária do CFM e editora geral da Revista Bioética. Para ela, o grande questionamento da humanidade é saber o que reserva um mundo pós-pandemia.
“O mundo evoluiu muito rapidamente, durante a pandemia: na saúde digital, em mudanças na atenção primária, na privacidade das pessoas, nos benefícios e riscos, no desenvolvimento da robótica, na computação quântica, na inteligência artificial e no controle das doenças transmissíveis. É necessário um aprimoramento constante para avaliar as questões éticas da relação médico-paciente neste mundo, um novo aprendizado médico e propedêutico, dos aspectos técnicos e seus riscos”, afirmou.
A moderação também ficou a cargo do conselheiro José Hiran Gallo, tesoureiro do CFM, editor científico da Revista Bioética e coordenador do Programa de Doutorado em Bioética, mantido em parceria pelo CFM e a Universidade do Porto. No encontro ele reforçou que a bioética é uma ponte para o futuro que envolve a ética e a biologia, “fundamentando os princípios éticos que rege a vida quando essa é colocada em risco pela medicina ou pela ciência”.