Quando falamos de problemas de saúde que afetam os idosos, a maioria deles tem a ver com doenças neurológicas, entre elas, Alzheimer, outras demências, Mal de Parkinson, e o principal, AVC (Acidente Vascular Cerebral), segunda maior causa de morte no mundo, de acordo com dados da DATASUS (departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil).
Segundo a Dra. Mirella Fazzito, médica neurologista da Clínica Aráujo & Fazzito, é inevitável que determinados problemas de saúde apareçam no idoso, já que estamos falando de um público com a saúde fragilizada. “Muitas doenças, sejam elas neurológicas ou não, ocorrem com maior incidência em pessoas com mais de 65 anos. Além disso, a idade pode ser um grande obstáculo para recuperação ou tratamento do problema em si”, comenta a especialista.
AVC (Acidente Vascular Cerebral)
Uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo, o AVC ocorre quando vasos que levam sangue ao cérebro entope ou se rompem, provocando uma lesão na área cerebral irrigada por esses vasos “Quando a obstrução ocorre, o cérebro da pessoa fica sem receber sangue e oxigenação adequadas, necessitando de atendimento médico imediatamente”, comenta a Dra. Mirella.
“Existem alguns tipos de AVC, sendo eles AVC isquêmico, o AVC hemorrágico e o Ataque isquêmico transitório (AIT) mas é importante deixar claro que todos eles necessitam atendimento de emergência e podem ser extremamente graves”, complementa a neurologista.
A doença, que tem como sintomas perda de força unilateral, distúrbio de linguagem, alteração de sensibilidade entre outros, pode ser causada por diversos fatores. “Um estilo de vida pouco saudável, com má alimentação, sedentarismo, uso de drogas e tabagismo são fatores que contribuem para o AVC. Mas existem também os problemas de saúde típicos de idosos que aumentam os riscos, como altas taxas de colesterol, diabetes, pressão alta e doenças cardíacas”, aponta a médica.
Alzheimer
O Alzheimer é uma doença muito associada à idade avançada, até porque são raros os casos que ocorrem antes dos 60 anos. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 1,2 milhão de pessoas no Brasil convivem com essa condição, objeto de intensa pesquisa e atenção de especialistas, tendo em vista sua prevalência e impacto na qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares.
“O paciente com Alzheimer tem um acúmulo anormal de proteínas (beta-amiloide e tau) no cérebro, formando placas neurofibrilares que interferem no funcionamento das células cerebrais, e consequentemente levam à sua morte”, comenta a Dra. Mirella. Como resultado, as áreas do cérebro responsáveis pela memória, raciocínio, organização, pensamento e comportamento podem ser afetadas.
Sabe-se que a causa exata da doença é desconhecida e, segundo a especialista, existem vários fatores envolvidos. “Com o envelhecimento da população e aumento na expectativa de vida, vem se observando um aumento no número de casos. Consequentemente tem se buscado estudar cada vez mais a doença, sua fisiopatogenia, e assim buscar tratamentos mais eficazes e que garantam mais qualidade de vida aos pacientes”, comenta.
Mal de Parkinson
O Parkinson é uma doença que afeta os movimentos da pessoa e, assim como o Alzheimer, não tem cura. A condição, segundo a especialista, pode causar tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio e até mesmo dores que podem variar de intensidade. “Essa doença é causada pela degeneração das células situadas em uma região do cérebro chamada ‘substância negra’, que produz o neurotransmissor dopamina, essencial para o controle motor”, comenta.
A estimativa é de que 200 mil pessoas vivam com Parkinson no Brasil, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), ou seja, número bem inferior ao de pacientes com Alzheimer.
Demência
Existem vários tipos de demência, incluindo o Alzheimer, alguns mais graves do que os outros, mas independentemente da causa, trata-se de uma condição que aumentou muito nos últimos anos. Em 2016, foi a 8ª causa de morte no país, ficando atrás de Diabetes mellitus, acidentes de trânsito, violência, entre outros. Atualmente, já é a terceira maior causa de morte no Brasil, atrás apenas de doença isquêmica do coração e do próprio AVC.
“A demência é o termo que se usa para definir um declínio nas habilidades mentais dos indivíduos. Pode iniciar como um déficit cognitivo leve que vai progredindo no decorrer dos anos. A partir dos 70 anos o cérebro já sofre alterações decorrentes da idade, mas alguns pacientes apresentam maior atrofia cerebral e consequente declínio em suas habilidades cognitivas. Com o avanço da doença em determinados casos, a pessoa vai perdendo a memória, pode ter alterações na linguagem e maior dificuldade no raciocínio e aprendizado”, explica a Dra. “É importante ressaltar que nem toda demência é Alzheimer, apesar de muitas pessoas confundirem”, finaliza.