Dados do Ministério da Saúde, divulgados em 2016, já apontavam que 35% da população brasileira precisava do uso de aparelho ortodôntico. Além dos benefícios diretos relacionados ao alinhamento dos dentes, correção facial e de mordida, na higienização bucal, na mastigação, a ferramenta contribui ainda em casos de problemas respiratórios, gástricos, de má dicção e até dores de coluna e de cabeça.
“Os aparelhos ortodônticos se tornaram indispensáveis quando falamos de reparação de imperfeições na oclusão dental. Para além da estética,
precisamos dos dentes bem relacionados e alinhados, porque as duas arcadas trabalham em conjunto e foram criadas para ter uma boa interação entre si. Os dentes possuem desenhos anatômicos diferentes propositalmente, para que exista uma engrenagem perfeita entre a maxila inferior e a superior”, considera Brunno Leite, especialista em Ortodontia e Implantodontia, diretor da Venko Inteligência Odontológica.
Ao longo do tempo, a evolução dessa ferramenta foi muito grande. Desde o surgimento dos arames (Egito Antigo), fios metálicos (1819) e braquetes (1911) para auxiliar na movimentação dos dentes, muita coisa aconteceu. Das peças únicas usadas para amarrar os dentes à revolução proposta pelos alinhadores invisíveis, os tratamentos estão cada vez mais discretos e eficazes. Hoje, os tratamentos são feitos, inclusive, com aparelhos transparentes, com tempo muito reduzido e com resultados surpreendentes.
Confira algumas curiosidades dos aparelhos ortodônticos
Na Grécia antiga, Hipócrates e Aristóteles já conjecturavam como corrigir dentes tortos. Ainda na idade antiga, no século 1 a. C, o fisiologista romano Aurélio Cornelius Celsus propôs em um tratado a pressão dos dedos para corrigir a arcada dentária.
Enquanto os gregos imaginavam, os egípcios realizavam. E uma descoberta arqueológica de 1992, revelou arames amarrando a arcada dentária de uma múmia, datada entre 1000 a 500 a.C. Uma espécie de aparelho dental em que uma tira de metal alinhava os dentes mais tortos da múmia.
Já os aparelhos ortodônticos devem sua origem, primeiramente, ao francês Pierre Fauchard, que em 1728 criou o bandeau, uma peça metálica perfurada, semelhante a uma ferradura de cavalo, em que se alinhavavam fios de seda para amarrar os dentes que necessitavam de correção. Foi o primeiro arco expansor introduzido na ortodontia, no entanto, na prática, ele não apresentava estabilidade.
Outro pioneiro da ortodontia é Edward Angle, foi ele quem projetou aparelhagens compostas por peças padrões, pré-fabricadas, que compuseram a Angle System, que podia ser montada em várias combinações. É de Edward Angle a invenção dos braquetes – aquelas peças de metais que são acopladas aos dentes pelas quais se fixam os arames que promovem a movimentação dos dentes. Com as devidas adaptações, esses braquetes, inventados em 1928, ainda continuam sendo utilizados nos tratamentos ortodônticos tradicionais e compõem o sorriso metálico.
Em 1975, surgiu a demanda para tratamentos dentários mais discretos. Uma modelo da Playboy Club, que vivia em Hollywood, procurou tratamento para alinhar os dentes e utilizar um aparelho que fosse “invisível” para não interferir na sua carreira. Com isso, o dentista Dr. Craven Kurz decidiu improvisar utilizando os braquetes convencionais na superfície interna dos dentes (aquela de frente para a língua). Dessa forma, ele inventou o aparelho oculto para uma clientela recheada de famosos que buscavam soluções ortodônticas imperceptíveis.
A última grande revolução na ortodontia veio por meio de pesquisa e estudos patrocinados pela empresa Align Technology, em 1999, que deu origem ao Invisalign. Por meio de uma tecnologia tridimensional computacional que utiliza modelos estereolitográficos e cálculos algoritmos, foi possível movimentar os dentes virtualmente e confeccionar precisos alinhadores transparentes e móveis.
Brunno Leite considera que o surgimento dessa tecnologia deu início a uma nova era nos tratamentos ortodônticos. “O paciente ganha em discrição, pois é praticamente invisível, ganha em velocidade, pois oferece resultados mais rápido que os tratamentos ortodônticos convencionais, além de ser um tratamento ortodôntico com menos dores e com mais comodidade, podendo o paciente retirar o aparelho sempre que julgar necessário, inclusive na hora das refeições”, diz. Ele informa que, em média, o tratamento com o Invisalign é um terço mais rápido que o tratamento com aparelho ortodôntico convencional.