A falta de uma alimentação balanceada e de exercícios físicos não são os principais fatores que prejudicam a saúde de modo geral. A qualidade do sono também entra nesta lista, já que além de fazer nosso corpo descansar, o descanso ajuda a manter o equilíbrio do sistema imunológico, endócrino, neurológico e de diversas outras funções. “Nunca foi exagero dizer que precisamos dormir oito horas por noite”, afirma Dra. Livia Salomé, médica especialista em Medicina do Estilo de Vida pela Universidade de Harvard e vice-presidente da Regional Minas Gerais do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.
Conforme a médica explica, uma noite bem dormida pode significar inúmeros benefícios, como manutenção do peso, controle do diabetes, hipertensão, melhora da memória e até da depressão. “Enquanto dormimos, ocorre uma série de processos metabólicos importantes, que garantem o equilíbrio e a harmonia do organismo”, diz ela.
Um dos hormônios produzidos durante o sono é a leptina, responsável pela sensação de saciedade. Segundo a Dra. Lívia, nosso corpo queima calorias durante o descanso noturno, sendo que dormir menos de oito horas pode reduzir em até 55% esse consumo. “O estresse e uma noite de sono mal dormida são os principais responsáveis pela desregulação da produção de um hormônio chamado grelina, sabido ser o principal hormônio estimulante do apetite. Esta substância é responsável pela produção do desejo de comer”. Isso explica por que pessoas com apneia do sono e insônia podem sentir mais vontade de comer: é pela carência da grelina.
Além disso, dormir mal aumenta a resistência do corpo à insulina, complicando ainda mais o controle do diabetes. De acordo com pesquisadores da Northwestern University, dos Estados Unidos, 82% dos pacientes diabéticos que apresentam dificuldades para dormir e que tiveram seu sono monitorado, apresentaram resistência à insulina.
Outro problema gerado pelo cansaço das noites mal dormidas é a hipertensão. “Se não descansamos o suficiente, nossa pressão sanguínea aumenta, causando pressão alta em médio prazo”, afirma a especialista em Medicina do Estilo de Vida. Segundo estudo da Universidade de Montreal, no Canadá, a hipertensão desencadeada por insônia afeta até mesmo os pacientes sem predisposição à doença.
Embora muitas pessoas tentem evitar o consumo de alimentos antes de dormir, acreditando que possam engordar, isso nem sempre é verdade. “É essencial saber escolher o que comer antes de ir se deitar, pois, se a ingestão de calorias for muito elevada, isso pode mesmo acontecer”.
Por isso, a médica recomenda o consumo de alimentos leves, de fácil digestão e com propriedades calmantes para facilitar o sono, como abacate, iogurte com aveia, banana com nozes ou leite com mel, por exemplo.
“São interessantes também as bebidas com propriedades calmantes, como chá de camomila ou suco de maracujá, que ajudam de forma natural a acalmar, relaxar e dormir bem”, finaliza a especialista.