A varíola dos macacos (monkeypox) tem chamado a atenção das pessoas após as confirmações de casos da doença em todo o Brasil. No Distrito Federal, a equipe da vigilância epidemiológica monitora a situação. A doença não tem, na maioria das vezes, consequências graves. No entanto, o melhor caminho é o esclarecimento e a prevenção. Para tirar suas as dúvidas da população, a Secretaria de Saúde do Distritou Federal preparou uma série de perguntas e respostas. Confira:
O que é monkeypox?
É uma zoonose, isto é, uma doença de origem animal transmitida para humanos. Trata-se de um vírus infectocontagioso.
Por que a doença é chamada de varíola dos macacos?
Segundo o Instituto Oswaldo Cruz, o nome deriva da espécie em que a doença foi inicialmente descrita em 1958. Pesquisadores investigavam um surto infeccioso em macacos africanos que estavam sendo estudados na Dinamarca. Apesar do nome, é importante destacar que os macacos não são reservatórios da varíola, isto é, não transmitem o vírus a humanos.
Como é transmitida?
A transmissão ocorre por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. A transmissão de pessoa para pessoa está ocorrendo entre pessoas em contato físico próximo com casos sintomáticos.
A infecção ainda se dá a partir do contato com superfície ou objetos recentemente contaminados. O vírus da monkeypox sobrevive por até 90 horas em superfícies.
Por quanto tempo uma pessoa pode transmitir a doença?
O período de incubação do vírus é em média de 5 a 21 dias, com a transmissibilidade sendo do início dos sintomas até o desaparecimento das lesões na pele.
Como se prevenir?
É recomendado que evite contato com pessoas com diagnóstico positivo e higienizar bem as mãos.
Não compartilhar alimentos, objetos de uso pessoal, talheres, pratos, copos, toalhas ou roupas de cama. Entretanto, estes itens poderão ser reutilizados após higienização com detergente comum.
Quais são os sintomas?
Os principais sintomas são erupções na pele e alteração da temperatura corporal acima de 37,5º Celsius. A pessoa também pode ter dor no corpo, na cabeça e na garganta. O período febril tem duração de cerca de 5 dias. Conforme a febre reduz, as lesões na pele começam a aparecer.
Inicialmente, é uma lesão avermelhada, que se eleva e vira uma bolha com presença de líquido incolor, que com o passar dos dias, passa a ter o tom mais amarelado e evolui para um processo de cicatrização, virando uma crosta e depois se rompe da pele.
Não há paciente totalmente assintomático. Todas as pessoas contaminadas desenvolvem as lesões na pele.
Qual é o tempo dos sintomas?
As lesões na pele duram de duas a quatro semanas. Casos graves ocorrem com mais frequência entre crianças e pessoas imunossuprimidas e estão relacionados ao estado de saúde do paciente e natureza das complicações.
Quando começa e quando para a transmissão da doença?
O período de transmissão ocorre desde o início dos sintomas até a cicatrização das crostas, que é o estágio final das lesões cutâneas. Durante o período de incubação ou após a cicatrização das crostas não mais transmissão.
Qual a aparência das lesões?
As lesões na pele são bem características, podem parecer com as manchas de catapora e a de sífilis. O diagnóstico deve ser laboratorial. O diretor da Vigilância Epidemiológica, Fabiano dos Anjos, destaca que apenas a presença da lesão não permite um diagnóstico definitivo, tanto para descarte quanto para confirmação do caso.
As lesões ficam para sempre?
Cicatrizes ou áreas de hipocromia ou hipercromia podem permanecer após a queda das crostas. Uma vez que todas as crostas caíram, a pessoa com Monkeypox não é mais contagiosa.
As lesões provocam dor?
As erupções são inflamações na pele, sendo possível sentir dores localizadas nas lesões. Além disso, a doença pode apresentar inicialmente dor muscular, de cabeça e de garganta.
Quais são os locais mais comuns de aparecimento das lesões?
É uma doença de lesões com característica centrífuga. Isso significa que as erupções não se localizam no centro no corpo, mas nas extremidades. É comum que apareçam na face, nos membros inferiores e superiores e nas regiões genitais.
Também é possível tê-las dentro da boca e até mesmo serem confundidas com aftas.
Como é feito o tratamento?
Não há tratamento específico para a Monkeypox. O manejo clínico deve incluir o tratamento sintomático e de suporte, manejo de complicações e prevenção de sequelas a longo prazo.
Os pacientes devem receber líquidos e alimentos para manter o estado nutricional adequado e devem ser orientados a manter as lesões cutâneas limpas e secas. É importante que a pessoa não tente furar nem cutucar a bolha.
Qual é o grau de letalidade da doença?
Os óbitos são eventos raros nessa doença.
Como é feita a comprovação de infecção por monkeypox?
Atualmente, há apenas um laboratório em todo o Brasil habilitado para fazer o diagnóstico da doença. Até o momento, não há teste específico nem na rede pública nem privada. Quando uma pessoa apresenta os sintomas, os serviços de saúde precisam comunicar imediatamente a vigilância epidemiológica. Amostras de material biológico das lesões são coletadas para encaminhamento ao laboratório de referência.
Há algum perfil de maior risco?
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a Monkeypox não tem associação a nenhum grupo específico e pode atingir qualquer pessoa. Porém o público principal que apresenta maior risco a contaminação é formado por profissionais de saúde. Pessoas que em viagem internacional tiveram algum tipo de contato íntimo com habitantes de países que registraram surto também podem estar mais suscetíveis à contaminação.
Caso uma pessoa apresente os sintomas, é necessário procurar a unidade de saúde mais próxima para avaliação de um profissional da área.
Onde procurar ajuda em caso de suspeita?
Além das unidades de atenção básica (UBSs), as unidades de pronto atendimento (UPAs) estão prontas para receber pacientes com suspeita de monkeypox. A rede está uniformizada quanto ao alerta para novos casos.
Quais são as recomendações para a pessoa suspeita ou doente?
É necessário que o paciente fique em isolamento domiciliar até a liberação dos resultados laboratoriais. Se for confirmado, é o paciente deve permanecer em isolamento até que as lesões estejam secas e cicatrizadas.
Caso o paciente saia de casa por qualquer motivo, deve usar máscara cirúrgica bem ajustada à face cobrindo nariz, boca e queixo. Também deverá cobrir as lesões cutâneas o máximo possível (com vestimentas, avental com mangas longas ou lençol). Manter o distanciamento de no mínimo 1,5 metro entre outras pessoas.
Quais são as orientações para o isolamento domiciliar?
A pessoa suspeita ou doente deve permanecer em quarto individual, com boa ventilação natural. Não sendo possível, é importante que seja mantida distância mínima de 1,5 metro. Os ambientes comuns como banheiro, cozinha, sala, devem estar bem ventilados, com janelas abertas.
A pessoa contaminada de lavar as mãos várias vezes ao dia com água e sabonete líquido, dando preferência a toalhas de papel descartáveis para secar as mãos. Evitar uso de lentes de contato, objetivando reduzir a probabilidade de infecção ocular.
Em relação à atividade sexual, a OMS orienta abstenção durante toda a evolução da doença devido à proximidade ocorrida na relação íntima, não por ser considerada infecção sexualmente transmissível. Atualmente a OMS recomenda o uso de preservativo por 12 semanas após a recuperação do paciente, por precaução, enquanto o risco não está adequadamente definido.